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Notas sobre o filme: "Bistrô Romantique"

Pascaline: Uma mulher que chama atenção pela inteligência, sensibilidade e firmeza. No entanto, triste e objetiva demais.

Prepara tudo no seu bistrô com detalhes para o jantar do dia dos namorados.

É tudo lindo e perfeito, como alguém que sabe o que se precisa e quer ter nesse dia. No entanto, falta vida na sua expressão, alegria, entusiasmo. E ficamos nos perguntando, por quê?

Se olharmos com atenção, perceberemos que há muita gente assim hoje, não? E analisaremos mais adiante o que levaria as pessoas a terem essa posição subjetiva.

A ausência de crença e vivência, de amor, de paixão, entusiasmo, faz com que o sujeito invista muito num aspecto da vida, como o trabalho, por exemplo, e o realize com bastante fúria. Uma tentativa inconsciente de compensação. No entanto, produz uma psicodinâmica obsessiva e triste de ver.

Pascaline perdeu um amor muito jovem com 19 anos, e estava grávida. A relação com Frank parece realmente ter sido muito intensa e ele não sustentou a continuidade desta relação. Ele saiu da Bélgica e foi para India. Pascaline tinha engravidado dele e interrompeu a gravidez. Tudo leva a crer que concordou com esse aborto e acreditou que a relação seguiria adiante. O que não ocorreu e ficou muito triste, descrente e decepcionada com as relações.

Para intensificar todo este estado, sua mãe decidiu ir embora de casa, deixando ela e o irmão com o pai. Um pai que bebia demais e que a mãe não o aguentou. No entanto, de forma desequilibrada, abandonou os filhos e delegou a Pascaline os cuidados não só com ela mesma como também com o irmão Ângelo.

Pascaline cuidou de todos e do restaurante do pai. Abraçou esta causa e constituiu sua vida desta forma.

O que parece ficar claro é que seu investimento foi muito grande para que tudo ficasse ok: seu irmão, o restaurante e depois sua sobrinha Emma. Podemos pensar que enquanto ela cuidava e cuida daqueles que estavam à sua volta, buscava preencher um vazio existencial e iludiu-se que estaria ocupando-se e cuidando de si. Há um valor neste cuidado, nesta forma de viver? Sim, certamente, mas o grave é que tira fora uma possibilidade de convivência com seu afeto mais genuíno e com o aqui-e-agora. Sua espontaneidade, sua alegria e sua leveza. Uma coisa toma o lugar da outra enquanto poderiam conviver. Mas, a decepção a fez se voltar para um só campo e com uma compulsividade de não ter mais buracos, lacunas, espaços para sofrimentos.

Chama atenção a compensação que o irmão faz: dá um beijo e um bouquet de flores para Pascaline no dia dos namorados, chamando-a de querida. A impressão que temos é a de que ele sabe que ela não está feliz e que precisa compensá-la por tanta dedicação a ele. No entanto, ele também não está, carrega a mágoa do abandono da mãe. E Pascaline o compensa oferecendo afeto e acreditando nele como chef.

Fizeram um pacto? Ela cuidou dele e ele dela? E os dois do bistrô. O excesso dele, aquilo que não pôde viver, aparecia na bebida e o dela na tristeza, frieza e detalhamentos obsessivos (rituais?).

A sobrinha Emma expressa seus desejos: filé bem passado e um apartamento maior.

O pai não consegue atendê-la, mas não consegue dizer claramente que não o fará (fazendo o filé muito mal passado) e isso parece ser representativo de muita coisa na relação dos dois. A tia expressa sua dúvida, sua hesitação em assumir a situação de cuidar da sobrinha e permanecer cuidando do irmão.

A hesitação de Pascaline em assumir a sobrinha revela muito da sua posição neurótica. Nesta posição o sujeito não assume o desejo e sim dois lados do conflito e se força a viver nesta báscula, esperando ilusoriamente um dia resolver sua situação.

Assumo a posição de tia e de novo cuido de alguém e abro mão da minha própria vida ou não assumo a posição de tia para manter a possibilidade de ser feliz de novo. Uma posição neurótica, dual e ilusória.

O problema é que não dá para deixar de assumir e aceitar uma situação que já se vive. Emma já vivia com eles, e, portanto seria bom que isso pudesse se dar inteiramente num espaço onde todos pudessem estar bem, plenos.

Se em algum momento a situação se apresentasse de outra forma: ela se apaixonasse por alguém e quisesse viver só com esse alguém na Bélgica ou em outro lugar, isso poderia ser dito, e o pai teria que assumir na integralidade a filha.

Mais que isso, o fato dela não assumir verdadeiramente a menina e sua vida como um todo, dificulta a abertura para sua própria vida e novos relacionamentos.

Ela se fechou num aspecto do bistrô, de organizadora das mesas, das luzes, do trato com os clientes, tudo feito com perfeição, mas com um aprisionamento justo pela restrição do papel.

Quando a vemos cozinhando percebemos claramente que sabe, gosta e quer cozinhar. Experimenta o sabor, o cheiro. Isso tem muita vida.

É claro que as tarefas precisam ser divididas, mas neste caso percebemos que ela ficou muito congelada numa posição, como se só pudesse fazer aquilo. E apresentar-se para os clientes exigia uma posição impecável, educada, civilizada, arrumada, mas sem se envolver com os prazeres dos cheiros, da degustação, diferentemente assistindo ao prazer dos outros e cobrando o bom funcionamento de tudo: um general.

O irmão parecia ter se congelado na posição oposta: o daquele que cozinha colocando os dedos na boca, bebendo, uma pretensa soltura, que o colocava dificuldades também reais. Não assumia sua vida, de forma autônoma, era um adolescente feliz com uma irmã-mãe que o cuidava. Pois, se assim não fosse poderia cuidar do bistrô sozinho por um tempo, não beberia tanto e cuidaria da sua filha.

Esta posição subjetiva de Pascaline é que faz com que ela não tolere todos os dias o atraso do garçom. No entanto, permanece com ele. O garçom também não consegue deixar de se atrasar.

Veja, há desequilíbrio nos dois: um rígido demais e outro “solto” demais.

Seu irmão parece “tolerar” mais, mas na verdade não se trata de tolerância de fato, e sim de pacto com uma situação onde sabe que Pascaline dará conta de tudo no final. Afinal era ela quem cobria o garçom enquanto ele não chegava e o fazia muito bem.

Pascaline ajusta a luz do restaurante, o som, tudo. Para que tudo fique perfeito.

Pascaline fica muito irritada e realmente não entende como alguém pode prescindir de um jantar tão maravilhoso, faltando sem avisar. E nesta última frase dela fica claro o quanto deseja algo que na verdade não tem mais, mas especializou-se em oferecer. E não compreende como alguém pode recusar isto.


Frank: Frank é o primeiro cliente a chegar. Ele reservou uma mesa e fez planos imaginários de jantar com Pascaline depois de 23 anos e sem avisá-la! É incrível como muitas pessoas funcionam desta forma. Ela fica bastante impactada com a chegada dele, mas sua expressão continua triste quase como se não pudesse sentir. Anestesiamento?

Ao ser perguntado o que fazia ali, Frank diz que queria vê-la e que queria comer uma boa comida. E parece que esta é a grande verdade daquilo que ele consegue fazer.

A expressão dos dois: Pascaline e Frank é triste quando se veem. A impressão que temos é a de duas pessoas que se lembram e lamentam a perda de um amor ou a não continuidade de uma grande amor.

Ela olha o seu corpo ao tirar seu casaco. Ele ressalta o nome do primeiro aperitivo. Ela serve o primeiro aperitivo: “Vírus do Amor”. Ela serve com delicadeza e sentindo o seu cheiro, é linda a cena dela servindo o champagne na taça de cristal. Mas, não é nada bonito o abismo que se criou entre este ato e o prazer possível dela. “Sei que deveria ter vindo antes, mas não consegui decidir se vinha ou não”. É lastimável quando o sujeito deixa de viver algo pulsante no momento em que isso está acontecendo. A força deste encontro quando interrompida acaba por macular outras possibilidades de encontro. Isto porque o sujeito enfraquece sua capacidade de sentir, de amar, desconfia dela, ou a destitui, ou ainda a minimiza, banalizando assim outras possibilidades.

Chama atenção ele só conseguir procurar Pascaline quando o pai falece. Parece que nestas horas o sujeito encontra-se com aquilo que fez um dia sentido em sua vida.

A condição que ele se coloca e coloca para Pascaline de urgência e impasse é falsa: a convidando para partir com ele naquela noite para Buenos Aires, deixando tudo para trás. Ele só consegue estar diante dela, criando este falso dilema, e isto sinaliza o quanto não sustenta esta relação. Se ele pudesse com esta relação ele poderia dar um tempo e espaço para ela: ela Pascaline e ela relação.

Ela tenta compor com esta demanda dele que parece desejo, mas não dá conta. Parece que saudavelmente não dá conta, pois faltava de fato, desejo. Havia sim, muita nostalgia e muita idealização, pouca consistência, densidade e materialidade.

E muito sintomático quando ele diz: “estou em separação temporária”, quando ela repete sua resposta para entender melhor, ele diz: “mas será definitiva”. De novo mostra sua ambiguidade e ambivalência.

A dificuldade muitas vezes dos sujeitos em viver é porque pensam que precisam de uma garantia que tudo dará certo. Enquanto que “para dar certo” é preciso viver e construir possibilidades efetivas.

Ele tenta se reconectar com ele e com ela enunciando um significante: uma palavra que os encantaram: “Buenos Aires”. E de fato, ela se espanta, abre um sorriso e lembra-se que era para onde eles queriam ir juntos. Mas, o fato é que não foram. E pra tudo há um timing na vida.

Houve algumas cenas com um mesmo movimento dele: quando ela vira-se de costas para sair, ele diz algo significativo para ela, sinaliza o nome do primeiro aperitivo, chama para tomar o champagne com ele, e agora a chama para ir com ele Buenos Aires. Todas as vezes da mesma forma: num delay de tempo, numa defasagem ... num lapso.

Quando ela se espanta, volta-se para ele, atônita e o responde enfaticamente, ele fica com medo e começa a se justificar: ...“Sei que estou jogando com você; construiu a sua vida aqui, transformou a brasserie do seu pai no seu restaurante, entenderei se você disser que não pode ou não quer ir. Cercada por tudo que te faz feliz. Mas; eu tinha que perguntar, nunca se sabe talvez você não esteja tão feliz. Talvez você queira uma vida diferente. Muitas pessoas querem uma vida diferente”.

É interessante a fúria dela e a culpa dele. A fúria dela parece corresponder ao tempo que esperou por essa fala dele e que demorou muito. A culpa dele parece que revelar a assunção da não possibilidade de expressão de um desejo.

Pascaline está nervosa, mistura sentimentos, chega a falar com o irmão e chega mesmo a decidir ir.

O fato é que Frank parece não saber de si e pensa num resgate último, desesperado através de Pascaline.

Pascaline quando se vê só com ele no taxi, congela; os dois nem chegam perto um do outro. E parece que ali ela percebe que sua vida tinha sido constituída por tudo aquilo que viveu de fato, não fugiu, ficou e ficou até demais com tudo. Tanto que ficou estranha a pretensa leveza dessa situação atual. É preciso haver densidade e leveza ao mesmo tempo. Quando só tem um e não tem outro, há desequilíbrio.

Decide não ir. E quando ela volta, retoma tudo que é seu com mais energia e vivacidade.


Casal: o homem mais velho e a menina nova O casal que Pascaline vai indicar a mesa, o Sr. é uma pessoa mais velha com uma mulher nova e mais adiante entendemos que é uma pessoa complicada e oportunista. Pascaline já o conhece e o trata com firmeza. O que este Sr. parece revelar ao querer uma mesa que não é sua, ao rejeitar um bom vinho, ao não pagar a conta no final, e ao se relacionar com uma pessoa bem mais jovem, é o que no zen chamamos de: “fantasma faminto”. Alguém que já está morto, não tem nada a oferecer ao outro, não acredita na vida e apenas tenta se aproveitar daquilo que pode, buscando as brechas daquilo que é convencionalmente tido como o melhor.


Menu:

Champagne com licor de grappa rose (“Vírus do Amor”)

Tartare de salmão com maçã e couve-rábano

Ostra gratinada com espinafre ao molho de champagne

Presunto ibérico com vieiras e abóbora. Biscoito de gengibre e pinhão.

Peito de pombo, chicória, repolho roxo, ostras cogumelos e molho de cereja

Sobremesa: Framboesa frívola (sorbet quernelles)


Roos e Mr Volvo: Um casal que chama atenção porque o marido comporta-se protocolarmente na relação e a mulher o observa atentamente. Ele entra no restaurante falando no celular sobre negócios, trabalha o tempo todo e a esposa cuida dos filhos. Ela já sabe o que é o seu presente de dia dos namorados, não precisa abrir, é idêntico ao que ganhou no ano anterior e a frase pretensamente sensual, também é a mesma. A referência é a de que uma mulher sexy deve usar: Chanel n 5.

Sr “Volvo” passa atropelando as pessoas para atender do lado de fora uma ligação “muito importante”. Roos observa tudo à sua volta

Roos cheira a caixa de presente do seu perfume sem abri-lo, olha para o Walter que parece procurar pela Sílvia. Olha como quem entende a procura do rapaz, parece estar procurando também de outra forma, mas resignada, um parceiro. Sr. Volvo, neste momento estava do lado de fora do restaurante resolvendo assuntos de negócios importantes.

Sr Volvo vende mais um carro, diz que ganhou o seu dia e a Roos entende que vai querer sexo, pois isso parece excitá-lo.

Roos estava com apetite em todos os sentidos, com vontade de viver, de comer, de beber, de saborear a vida. Estava comendo a ostra com vontade quando seu marido fala: estava muito bom, mas gorduroso, faz um comentário crítico ao perceber que ela comeu todo o molho.

O que parece estar em jogo aqui é justo a psicodinâmica de que o sujeito tem medo daquilo que não deveria ter e não tem medo daquilo que deveria ter. Ou seja, um pouco de molho não fará mal algum, mas a infidelidade certamente. Incomoda-se com o prazer da esposa, na medida em que, isto o remete ao seu prazer que é clandestino, condenável e não pode aparecer.

Roos tem expressões muito claras de desapontamento, de decepção, de tristeza, ao mesmo tempo em que, tem um olhar ávido, uma vontade e um desejo reprimidos pela vida que leva.

Sr Volvo olha para Pascaline e pergunta para esposa o que será que ela tem? Parece mal humorada, faz um comentário machista e acaba realmente trazendo à tona toda a insatisfação da esposa.

É interessante que ao ser confrontado, quando Roos chama Pascaline, ele recua e se acovarda.

É interessante também ver a figura patética dele com espinafre nos dentes e ela não avisa nada para ele.

Roos cria uma situação com o marido: a de que tem um amante, para ver se isso mexe com ele de alguma forma. Parece muito garantido e muito senhor de si. Neste momento, seu ego é abalado. Fica desconsertado.

É interessante quando Roos pede ao garçom o vinho mais caro que ele tem. Parece que o que há aqui é um misto de pensamentos e sentimentos: ela quer saborear, experimentar, algo que a proponha sabor especial, único e parece querer isso fazendo o marido pagar uma conta alta. Parece querer arrancar-lhe algo. Algo que mexa com ele, assim como ele teria prazer em vender mais um carro caro, sentindo-se muito poderoso na sua persuasão, ela se sentiria poderosa fazendo-o pagar com o mesmo dinheiro pelo seu prazer. Não atendimentos, não suficiência, produzem amarguras, ressentimentos e ódio.

É interessante como as não respostas dela, os olhares, as expressões falam muito e o deixam nervoso. Isto parece se dá porque ela o conhece muito bem no seu egocentrismo e sabe o que gosta de ouvir e nesse momento nega a ele aquilo que sempre teve como um menino mimado: reforço egoico. Deixa-o no vazio e ele no vazio não funciona, não sabe o que fazer.

O vinho caro na cara dele e a cena do carro, mostram claramente o quanto essa mulher também passou o tempo de viver essa relação com esse homem. São cenas que embora importantes de serem vividas, para se ultrapassar uma situação no limite com o outro, são também tristes, pois revelam um ponto que foi necessário se chegar para perceber o término da relação.


Mia: é dona da famosa loja de chocolates (Mia) não segue a sugestão do garçom de sentar-se na cadeira que ele puxou. Diz que tinha uma reserva para dois, mas está só... Põe na mesa sua caixa de chocolates a qual ajeita e muda a posição dos mesmos. A obsessividade tenta dar conta daquilo que já não se tem. Ou que nunca se teve de fato.

Ao ver o garçom cheirando o vinho, Mia pede para sentir o cheiro do vinho, pois tem o olfato apurado. De fato, tem. Sente o cheiro e começa a chorar. Abre sua caixa de chocolates e coloca um na boca. A sua forma de colocar o chocolate na boca já nos chama atenção. Ela o coloca e fecha os olhos como que para sentir inteiramente esta experiência de prazer e quietude que o chocolate lhe traz.

Lesley, o garçom, observa o seu ato. Por que Mia carrega junto a ela a caixa de chocolates? Por que recorre em alguns momentos a ele? Fica claro quando conta sua vivência de criança para Lesley, que beber o chocolate quentinho na fábrica dos pais era uma vivência de satisfação absurda, o que chamamos na psicanálise de sentimento oceânico e no zen de nirvana. Uma quietude muito profunda, um bem estar muito grande. Numa família muito conturbada onde o pai batia na mãe e a mãe o matou e foi presa; este refúgio parece ter sido guardado como uma experiência que a salvava por alguns momentos.

Lesley presta atenção em Mia, observa que não está bem, que está triste e que perdeu alguém.

Quando Lesley tenta dizer a ela que não deve ficar tão deprimida, que tudo que precisa é arrumar outra pessoa, ela diz que ele não sabe de nada, como ele pode falar de futuro com tantas desgraças e tragédias acontecendo pelo mundo a fora e que a ÚNICA MANEIRA DE SOBREVIVER É COM AMOR, QUEM NÃO TEM MORRERÁ VAZIO. Ela fala de forma torta de algo que realmente imagina ser verdade: a experiência mágica e ideal do amor a colocaria fora de todo o mal.

O casamento parece ter terminado porque ela entrou em depressão, não conseguia sair de casa e não aceitava ajuda dos amigos. E o marido se irritou e se apaixonou por sua amiga.

Ela acredita na idealização da relação, quando há uma conexão, é como se isto em si bastasse. Não aceita de outra forma. É interessante percebermos através dessa personagem o quanto as pessoas carregam dentro de si este mote imaginário: uma pessoa, uma relação, um amor fará por ela tudo que não pode fazer sozinha. E o que caberia fazer sozinha? Viver o mal estar e o bem estar tais quais eles se apresentam. Negando um lado desta estória o sujeito fica vulnerável a surgimentos repentinos de depressão, por exemplo.

É interessante que Mia se engasga com o chocolate num momento onde parece se interessar pelo Lesley e não sabe se ele está interessado nela. Parece que neste momento está no meio de uma mudança, não mais a posição antiga, mas também não ainda uma nova.

É interessante que os dois conseguem ultrapassar, juntos suas dificuldades: Lesley com uma barreira para se relacionar encontra-se com alguém que o convoca a uma relação genuinamente e Mia se envolve com o interesse, cuidado e carinho dele. A cena dos dois jogando a aliança fora juntos é linda e marcante. Fala de uma travessia muito importante para ela, que ao realizar com ele, abre um caminho relacional entre os dois. É forte a estética desta cena.


Casal novo, apaixonados e menina exagerada: Entra um casal novo muito apaixonado e exagerado, a mulher fala e agarra o namorado sem pudor algum.

O casal jovem apaixonado com a menina assanhadinha troca presentes, ela diz que o cardápio é afrodisíaco e o cara dá uma calcinha sexy pra ela, ela abre na mesa e diz que vai colocar pra ele. Roos se incomoda e pede pra serem mais discretos. A menina diz: “procure uma vida mulher”. Exageros.


Ajudante do chef: O ajudante do chef chama a Ingrid, ajudante também, para sair com ele no dia dos namorados, de forma tímida e acaba não conseguindo. Politicamente correto demais para uma menina que parece se interessar por algo que vá além ou aquém? A cena final chama atenção, pois ela parece ficar com o Angelo, a pretexto de cuidar dele.


Walter: é um rapaz metódico que ajeita tudo ao sentar, muito obsessivo, está sozinho na mesa aguardando Sylvia e começa a imaginar sua chegada e conversar sozinho, acreditando de fato que está falando com ela. Imagina ser surpreendido por uma mulher sensual e fica muito nervoso. Vai ao banheiro treina uma fala, tenta ser mais ousado. No entanto, quando a Sylvia real chega ele fica muito impactado. Na verdade, estava quase descrente de que poderia encontrar alguém parecido com ele. Alguém que pudesse acreditar no amor, na simplicidade da vida estar com ele de afeto, ao seu lado. Sylvia era alguém exatamente assim.